Cinebiografia de Freddie Mercury é o que temos de mais próximo de um show do Queen nos nossos dias.
Minha experiência com Bohemian Rhapsody foi um pouco tardia. Muitas pessoas estavam falando desse filme de forma muito positiva, eram só elogios. Porém, meus amigos que mais gostam de cinema nada tinha falado sobre ele.
Depois de muita persistência da minha mãe, quem acompanhou o Queen durante a sua juventude, fomos assistir Bohemian Rhapsody. O que posso dizer depois de 2 horas e 14 minutos de filme é que passou rápido.
Sou um grande fã do Queen há muito tempo. Ouço desde pequeno e sempre me admirou como a banda é na verdade uma super banda. Os quatro membros são muito bons em suas funções e definitivamente revolucionaram a música em seu tempo. A canção que dá título ao filme é um bom exemplo disso, uma ópera rock lançada nos anos 80.
Uma biografia
Bohemian Rhapsody respeita o legado de Freddie Mercury e mostra os fatos mais relevantes da sua vida. Desde os mais sombrios até os mais felizes… Mas sempre de maneira a preservar sua imagem de referência que a maioria do público possui.
E existem dois fatores importantes para abordar a vida de Freddie Mercury desta maneira. O primeiro é o diretor, Bryan Singer, famoso por seus vários filmes do X-Men. Seus longas nunca tiveram a característica violenta de chocar as pessoas mostrando cenas fortes. Isso preserva o público de coisas que a gente já sabe sobre a vida de Mercury.
Violento mesmo apenas Singer, que teve muitos conflitos com a equipe e atores durante as filmagens. O diretor também foi demitido da produção de Bohemian Rhapsody por ter sido acusado de abuso sexual infantil. Recentemente, atores que participaram do filme se pronunciaram sobre o assunto, o criticando duramente.
O outro fator importante é que temos dois produtores muito especiais em Bohemian Rhapsody: Brian May e Roger Taylor. Guitarrista e baterista, respectivamente, do Queen.
A veracidade dos fatos, principalmente nas muitas cenas de bastidores de shows e composições, é algo que se destaca. Esses dois artistas que ultrapassaram a fronteira da música para criar uma homenagem ao legado do Queen.
Um show
Bohemian Rhaspody começa com Freddie entrando em um dos seus shows e a partir dali, sua história é contada. Começando com o seu primeiro encontro com os antigos membros da banda que viria a se tornar o Queen.
São muitos os concertos mostrados nesta trajetória, todos com músicas que conhecemos desde sempre. E são principalmente nestas cenas que somos completamente levados à década de 80 nos muitos shows feitos pelo Queen.
E a principal razão para isso, para esta sensação que estamos em um show do Queen é a atuação de cada um que interpretou os quatro membros da banda.
Primeiramente, devemos ressaltar aqui a semelhança dos atores com cada membro da banda. A maquiagem mais a atuação de cada um é o grande destaque de Bohemian Rhapsody.
Começando pelo baixista da banda, John Deacon, interpretado pelo Joseph Mazzello, conhecido também como o garotinho do Jurassic Park. Deacon sempre foi o membro mais introspectivo, mas talvez o mais sentimental deles. Com a morte de Mercury, se aposentou e nunca mais participou de nada relacionado ao Queen, seja homenagens, gravações, os shows com Adam Lambert e até esse filme. Tudo isso é transmitido por Mazzello em seus olhares e trejeitos, é muito bom!
Ben Hardy interpreta Roger Taylor, talvez o membro mais falastrão da banda. O baterista era aquele que queria aproveitar o sucesso da banda e fazer uma música ou outra. Mas Taylor sempre foi um grande percussionista e deu uma característica marcante à bateria do Queen.
Por fim, antes do mais importante, temos Gwilym Lee interpretando o guitarrista/físico Brian May. Com seus longos cabelos cacheados e uma expressão séria, por vários momentos me esqueci como era o rosto original do guitarrista, tamanha é a semelhança do ator com seu personagem. Sua interpretação também faz jus e se destaca em Bohemian Rhapsody.
Uma atuação
Rami Malek é Freddie Mercury. Atuação digna de Oscar e que já ganhou o Globo de Ouro como melhor ator em um longa de drama. Não é de hoje que Malek é ganhador de prêmios relevantes, já que ele também foi destaque no Emmy como melhor ator em um papel protagonista com Mr. Robot.
Malek não é tão parecido com Mercury, principalmente quando comparamos com a semelhança dos outros atores com os outros três membros do Queen. Sem contar que o líder da banda tinha características bem peculiares, como seus grandes dentes, que inclusive o ajudavam a atingir notas que muitos cantores até hoje não conseguem alcançar. Malek utilizou dentaduras em Bohemian Rhapsody, apesar de já ter dentes mais protuberantes.
O que destaca em sua atuação não é a sua semelhança com Mercury, mas sim como ele interpreta todos os jeitos, toda as perfomances desse artista completo que foi Farrokh Bulsara, nome original de Freddie.
Em algumas situações é de cair o queixo, não apenas quando ele está lidando com as pessoas ao seu entorno, como seu grande amor, Mary Austin, ou outros membros do Queen. Mas uma cena se destaca, a do show no Live Aid. Fizeram um vídeo comparando as duas atuações e esse é apenas um teaser do que é este filme:
Em Bohemian Rhapsody vemos quão performático era Fredie Mercury, mas isso todos nós já sabemos. Porém, entendemos a razão por ele ter sido assim e toda sua emoção e carga de ser um verdadeiro artista é transmitido pela atuação de Rami Malek. Não me surpreenderia ele ganhar um Oscar, apesar de estar concorrendo com Christian Bale e sua interpretação muito similar ao vice-presidente dos EUA, Dick Cheney. Mas cá entre nós, interpretar Mercury deve ser um pouquinho mais desafiador.
Um filme
Depois que saí da sala de Bohemian Rhapsody, mandei mensagem para aqueles meus amigos amantes de cinema perguntando se tinham assistido. Para a minha surpresa, todos já tinham visto e todos tinham adorado.
Sinto que este filme é para isso, agradar a maioria, principalmente aos fãs de Queen. Mais do que isso, você sai da sala do cinema como eu, empolgado e com a sensação de ter acabado de sair de um show do Queen. São muitos os que ficam até o final dos créditos apenas para ouvir as músicas da banda.
Provavelmente Bohemian Rhapsody não deve ganhar o Oscar de melhor filme. Já que a competição esse ano está com um cunho político mais evidente.
Porém, esse com certeza foi um dos melhores filmes de 2018, me deixando ansioso para a chegada da versão digital para assisti-lo mais uma vez.