“Fleabag” e “Game of Thrones” foram os grandes vencedores da noite em termos de produtos. Mas quem ganhou mesmo foram as mulheres. E Elizabeth Warren. A senadora, que lidera entre as mulheres nas pesquisas para as eleições presidenciais de 2020, ficando atrás somente de Joe Biden e Bernie Sanders no geral, ganha força com o aceno para os direitos das mulheres que a premiação fez.
“Fleabag” é uma comédia inovadora pois apresenta um universo feminino visto de dentro e, acima de tudo, sem os “filtros morais” do que é ser mulher. As personagens são mulheres sem pedir desculpas. Elas falam sobre trabalho, amizade, menstruação, moda, enfim, qualquer assunto relevante, sobre os seus meios e os seus corpos, sem se preocupar com Bechdel Test. Ao vencer o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por “Marvelous Mrs. Meisel”, Alex Bornstein fez um ousado e sensível paralelo entre a sua avó, sobrevivente do Holocausto, e o papel das mulheres no mundo atual. Ela disse, “Minha avó estava na fila para ser executada e ousou sair da fila, assim ela sobreviveu e se não fosse por isso, eu não estaria aqui. Todas as mulheres tem que sair da fila!”.
A derrota de Hillary Clinton em 2016 foi um enorme baque para as mulheres americanas. Não só ela seria a primeira presidente mulher, mas o homem que ocupou o cargo em seu lugar é abertamente um molestador, flagrado contando vantagens sobre pegar mulheres pela vagina e subornar atrizes pornô enquanto casado. Não contente, o perfil do eleitor que fez a diferença na eleição, foram justamente as mulheres brancas, que votaram no Republicano. Um esforço para uma virada nesse cenário, em compensação, nasceu. As eleições menores, para vereadores, senadores, prefeitos, em 2018, tiveram um recorde de candidatas mulheres e de minorias étnicas, um fenômeno liderado pela figura de Alexandria Ocasio Cortez que foi eleita deputada pelo seu distrito em Nova Iorque.
De olho nas eleições gerais de 2020, todos sabem que não existiria derrota maior para Trump do que perder a reeleição. Elizabeth Warren busca a nomeação, competindo com Sanders e Biden, seguida por Kamala Harris – mulher, afrodescendente e de raízes nativas. Warren tem subido nas pesquisas e algumas até já mostram ela empatada com Biden. A posição de Hollywood e das narrativas audiovisuais é de extrema importância para o futuro das eleições americanas. Com a aproximação das eleições, a panela de pressão americana vai começando a fazer barulho.